O Colírio de Sananga: Origens, Propriedades Medicinais e Uso nas Práticas Indígenas
O colírio de sananga é uma substância poderosa e sagrada usada por várias tribos indígenas da América do Sul em suas práticas de cura e consagração. Neste artigo, exploraremos a origem da planta de sananga, suas propriedades medicinais e seu uso nas práticas indígenas.
Origens da Planta de Sananga
A sananga é produzida a partir das raízes da planta Tabernaemontana sananho, que cresce em diversas regiões da floresta amazônica. Um dos princípios ativos encontrados é a Ibogaína. Para preparar o colírio são batidas as raízes do arbusto com água limpa e potável, que resultam na extração do princípio ativo da planta. Essa planta é amplamente valorizada por suas propriedades medicinais e espirituais pelas tribos indígenas que habitam essas áreas. A preparação do colírio de sananga envolve um processo cuidadoso de maceração das raízes da planta em água, resultando em uma solução líquida que é aplicada nos olhos.
É possível uma relação indireta e de auxílio da sananga em algumas doenças psicossomáticas, já que os olhos são nossas janelas para a percepção deste mundo. Enxergar o nosso inimigo com os olhos colabora em nossa luta diária. Assim, esta medicina natural auxilia na percepção do que ocorre em nossa volta, trazendo harmonia e consequente realização espiritual, emocional e física. A tradição do uso da sananga pelos índios Kaxinawás é de pingar uma ou duas gotas em cada olho antes de irem para a caça. Eles acreditam que a substância aguça a percepção facilitando os movimentos sutis da densa floresta, conseguindo assim, distinguir a sua caça. Além de ressaltar texturas visuais, profundidade, cores o que, dizem os índios, auxilia o instinto caçador em sua busca visual da presa dentro da floresta.
Sua Ação
A Ibogaína provoca uma experiência psicoativa o que pode levar algumas pessoas a transes e/ou rápidas visões, chamadas de mirações por algumas tradições Ayahuasqueiras. Após a aplicação, ocorre uma ardência que dura no máximo três minutos, dependendo do estado clínico do paciente e a frequência com que o indivíduo faz uso do colírio. A experiência da sananga é relatada como um momento muito especial. Após a ardência surge uma sensação de completude. É como se o indivíduo estivesse totalmente inserido em um momento atemporal, onde nada mais importa.
Seu Uso
Algumas tribos das etnias Nawas, utilizam-se da sananga para retirar a chamada panea. Panea é representada por uma forma de energia negativa acumulada que carregamos, normalmente associada ao suco gástrico do estômago, que levam ao acúmulo de todo o tipo de bactérias e doenças. Este acúmulo é originado pela ingestão de carne (que leva à putrefação no aparelho digestório e excretor), de medicamentos e de substâncias tóxicas dos alimentos que não são naturais como os da floresta. A panea pode destruir nossa resistência e saúde. Espiritualmente e energeticamente, a sananga ajuda a limpar o canal ocular e contribui para a fluidez da percepção espiritual. Ou seja, aumenta a percepção e visão espiritual e sensitiva. Em pessoas com sensibilidade mediúnica desenvolvida há a comprovação de expansão do campo áureo. A Ibogaína auxilia ainda no tratamento de dores crônicas e é conhecido como um forte estimulante afrodisíaco, além de facilitar processos meditativos e de introspecção.
Observações
Não se recomenda a prática do uso da sananga fora da floresta, local onde a aplicação é realizada de forma adequada durante um trabalho e ambiente apropriado voltado à evolução espiritual e, principalmente, com a orientação de um xamã. Deve-se considerar que o organismo indígena é mais delicado e possui uma pureza de alimentação, ambiente e qualidade de vida não encontrada no ambiente dos não índios, sendo aconselhada a retirada da panea por meio de sananga pelo povo indígena.
Estudos Cientificos sobre a planta
Estudo científicos demonstram possível eficiência na aplicação da sananga, em especial nas doenças bacterianas existentes no globo ocular. Sua aplicação auxilia no tratamento ou prevenção de conjuntivite, terçol, irritações nos olhos, catarata, miopia, hipermetropia, astigmatismo, ambliopia, olho seco, fotofobia, glaucoma, catarata, ceratocone, dores de cabeça, catarro derivante de sinusite e renite.
“Nossa visão fica mais precisa, clara e nítida após a aplicação”
Afirma o pajé Tuin Huã Kaxinawá.
Conclusão
O colírio de sananga desempenha um papel significativo nas práticas indígenas, refletindo a profunda relação entre as tribos amazônicas e as plantas medicinais da floresta. Suas origens nas raízes da planta Tabernaemontana sananho, suas propriedades medicinais e seu uso nas práticas de cura demonstram a sabedoria ancestral das comunidades indígenas.
A sananga não é apenas um remédio para os olhos, mas uma ferramenta espiritual que ajuda a purificar a visão física e espiritual, permitindo uma conexão mais profunda com o mundo ao nosso redor. Ao explorar o colírio de sananga, ganhamos um vislumbre das ricas tradições xamânicas e espirituais das tribos indígenas da floresta amazônica, enriquecendo nossa compreensão da complexa interconexão entre plantas, humanos e o mundo espiritual.
Nossa missão é levar as pessoas um entendimento espiritual mais elevado e profundo, através do conhecimento dos povos nativos e dos professores espirituais. Visando proporcionar aos praticantes do xamanismo, ou não, um tratamento alternativo do corpo e da alma, através das medicinas da floresta. Valorizando e conscientizando sobre a importância do saber dessas medicinas ancestrais, e do respeito e profunda gratidão que precisamos nutrir por elas.